Sete doentes apresentavam quadros graves da doença, cuja vida dependia de receberem oxigénio.
Sete pessoas que estavam internadas com Covid-19 no Hospital Regional de Coari, cidade incrustada no interior da floresta amazónica brasileira, morreram esta terça-feira. A informação foi avançada pelo governo municipal de Coari, cidade com mais de 85 mil habitantes a 450 km da capital do estado do Amazonas, Manaus, por via fluvial, já que na região não existem estradas.
Os sete doentes apresentavam quadros graves de Covid-19 e a vida deles dependia de receberem oxigénio com urgência. Um avião com 40 cilindros de oxigênio deveria ter chegado segunda-feira a Coari, o que poderia ter evitado as mortes, mas foi desviado, com ordem ainda não se sabe se do Ministério da Saúde ou do governo estadual, para a cidade de Tefé, no extremo da Amazónia, e acabou por ficar retido por não ter condições de continuar a viagem no tempo previsto.
De acordo com o comunicado emitido pela edilidade de Coari, 200 cilindros de oxigénio que pertencem ao hospital local estão retidos há vários dias em Manaus, para onde foram enviados para serem reabastecidos. Segundo o comunicado, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas está a usar indevidamente esses cilindros para abastecer hospitais da capital, onde o produto também está em falta, deixando Coari sem meios para atender os seus próprios doentes.
O estado do Amazonas vive há cerca de dez dias o total colapso do seu sistema de saúde, e muitos doentes graves, principalmente com Covid-19, já morreram por não terem oxigénio, um deles à porta de um hospital onde não o deixaram entrar por estar lotado. As autoridades locais acusam o governo do presidente Jair Bolsonaro pela situação, pois o Ministério da Saúde foi avisado atempadamente do iminente colapso e não fez nada, só tendo começado a agir quando o assunto passou para as manchetes da imprensa, e tem enviado ajuda muito abaixo do que seria necessário.
O Amazonas, principalmente a capital, Manaus, vive um violento recrudescimento da pandemia de Coronavírus, agravado por uma mutação do vírus descoberta no início deste mês de Janeiro. Todos os hospitais enfrentam neste momento sobrelotação, vários deles inclusive fecharam as portas e reforçaram a segurança para não serem invadidos, e as fábricas que abastecem o sistema de saúde com oxigénio não têm mais capacidade para entregar tudo o que seria preciso.