Jornalistas do 'Investigação CM' infiltraram-se num dos hospitais mais importantes da Grande Lisboa.
O 'Investigação CM' infiltrou-se nas urgências do Hospital Amadora-Sintra com uma câmara oculta e testemunhou a incapacidade de resposta do serviço. Assim como a unidade hospitalar, os centros de saúde da Grande Lisboa, vem o mesmo drama.
Horas de espera intermináveis, cuidados insuficientes e pessoas que acabam por desistir. Este é o cenário encontrado pela equipa da 'Investigação CM'.
Cerca da 00h50, estavam inscritos 95 utentes para atendimento no Hospital Amadora-Sintra. De acordo com o painel eletrónico, o tempo médio de espera para pulseira amarela - dada a pacientes cujo estado seja 'urgente' - era, em média, uma hora.
Este tempo médio é estabelecido pela escala de Manchester. No entanto, há pacientes que após horas de espera acabam por desistir.
Os doentes relacionam diretamente a falta de médicos com o aumento do tempo de espera, mas o 'Investigação CM' constatou que a escassez de profissionais é geral. Andam todos, desde médicos a enfermeiros, de um lado para o outro. Não páram. As respostas aos doentes são muito vagas. Não têm tempo a perder. Não lhes compete gerir o caos nem responder a questões para as quais não têm resposta.
Compete-lhes, no entanto, garantir o melhor atendimento possível.
A maioria das pessoas que constam nesta sala de espera têm pulseira verde. A escala de Manchester determina que esta cor é dada a doentes menos urgentes. Ou seja, a população podia ter recorrido ao centro de saúde. Porém, nesta zona da Grande Lisboa, o cenário de caos não é muito diferente nos cuidados de saúde primários.
O Hospital Amadora-Sintra foi construído para servir cerca de 300 mil pessoas, mas dá resposta a mais do dobro: 600 mil utentes.
Segundo a Ordem dos Médicos, nesta unidade hospitalar, faltam mais de 90 médicos, sobretudo anestesiologistas e obstetras.